A Medicina do Esporte é uma das áreas da medicina que lida com a aptidão física e o tratamento e prevenção de lesões relacionadas ao esporte e ao exercício. A medicina esportiva não é apenas para atletas profissionais. Quando você se machuca durante o exercício ou enquanto prática um esporte e deseja voltar à sua rotina de atividades o mais rápido possível, o médico do esporte é especializado para ajudá-lo a fazer tornar isso possível. Eles também têm experiência na prevenção de doenças e lesões em crianças e adultos.

Por isso, se você ainda não sabe o que é Medicina do Esporte e como trabalham os médicos especialistas na área, confira a entrevista que realizamos na íntegra com o ex-aluno do nosso curso de pós-graduação de medicina esportiva Dr. Luiz Fink, Médico do Esporte e Exercício. 

Preparamos esse conteúdo exclusivo para que você aprenda tudo o que precisa saber para se tornar um especialista em medicina esportiva no futebol de campo. 

Medicina Esportiva: O que significa ser um Médico do esporte no futebol de campo?

Resposta do Dr. Luiz Fink: O trabalho de um médico do esporte que atua no futebol de campo tem várias nuances. Como pude participar do time em várias situações, tanto esportivas quanto financeiras, tive uma ideia bem completa de vários lados da atuação em um time de futebol. Quando estávamos em uma situação de maior aporte financeiro no clube, durante a primeira divisão do campeonato paulista, o clube contava, além do departamento médico, com vários fisioterapeutas. Contávamos com um fisiologista, nutricionista esportivo, um analista tático, com avaliação por gps de quanto os atletas se deslocavam durante a partida, além de avaliação por cpk após cada partida para estabelecer o quanto cada atleta se desgastava durante cada jogo, fornecendo um suporte que ajudou muito na prevenção das lesões. 

Como funciona a equipe? 

Resposta do Dr. Luiz Fink: Neste momento do clube, a atuação se restringia, além do suporte e atendimento em campo, às avaliações dos atletas no dia a dia entre os jogos, quando decidíamos qual atleta poupar, qual atleta liberar para os jogos, qual permanecia em tratamento, qual passaria para transição. Além disso, todo início de temporada são feitas as avaliações de pré-participação, além das avaliações físicas pré-contrato. Nenhum atleta é contratado ou inicia treino no clube sem antes ter uma avaliação médica, na qual é vista não somente a condição física do atleta, como também seu histórico de lesões e seu estado físico no momento. Não raro admitimos atletas de melhor capacidade, porém em fase de reabilitação de alguma lesão, para tratamento e continuidade de seu trabalho no clube.

Em momentos em que o clube caiu para divisões inferiores (A1, A2 e A3), com a diminuição da verba no clube, o trabalho se tornou mais empírico e mais amplo, incluindo orientações na nutrição e na fisiologia, quando os treinadores permitiam. Uma coisa que pude constatar foi que técnicos de menor nome tendem a ser mais centralizadores, não aceitando nenhum tipo de opinião acerca de seu trabalho, enquanto técnicos de melhor qualidade estão mais habituados a trabalhar com uma equipe multidisciplinar, baseando-se, inclusive, nas avaliações que fazíamos. Eu me lembro de uma ocasião em que vetei dois atletas  de serem contratados por problemas no exame físico. Na ocasião, o técnico passou por cima da avaliação e determinou a contratação dos atletas. Os dois se lesionaram, um deles menos de dez dias após a contratação.

Esse é outro aspecto que notei em meu tempo como médico em um time de futebol. O médico tem que conquistar seu espaço. Pela quantidade de médicos que atuam sem nenhuma qualificação nesse meio, é comum tanto atletas quanto membros da comissão técnica não terem confiança nas avaliações feitas por nós. Cada diagnóstico ou posicionamento emitido era questionado por fisioterapeutas, pelos atletas ou mesmo pelos técnicos. Com o decorrer do trabalho, quando um vínculo de confiança era criado, existia uma maior credibilidade nas condutas que orientávamos.

Outra coisa que não aparece, mas é obrigação do médico do time, é o cuidado com a saúde tanto dos atletas como da comissão técnica, principalmente durante viagens, quando você é o elo de confiança entre o time e um atendimento médico. Além disso, tem a questão do doping. O médico tem que chamar a responsabilidade para si e controlar quaisquer medicamentos ou suplementos que sejam fornecidos para os atletas, pois nós assinamos a ficha de antidoping antes de cada partida. Lembrando que as listas de medicações proibidas se modificam todos os anos.

Além de tudo isso, o médico de um clube tem que estar atento durante a partida, conhecendo as regras, pois é a primeira linha de atendimento em qualquer evento que aconteça em campo, por exemplo, a Fifa modificou a regra quanto a eventos em que dois atletas se chocam de cabeça, ou mesmo quando da queda de um atleta sem trauma aparente, em que há suspeita de evento cardíaco. Nessas condições o médico em campo não necessita de nenhuma autorização para entrar em campo, podendo, inclusive, interromper a partida para que o socorro se inicie o mais brevemente possível.

Tem algum ritual especial no dia do jogo?

Resposta do Dr. Luiz Fink: Existem vários rituais em dia de jogo. Cada atleta costuma ter seu ritual específico, seja uma meia ou chuteira que dá sorte, coisas assim. Cada atleta tem suas crenças. Antes de entrar em campo, os atletas, após a preleção, se fecham em uma roda, todos rezam um Pai-Nosso e, após, os católicos rezam uma Ave-Maria, enquanto os evangélicos fazem uma oração. Isso enquanto fechados em uma roda, até todos se cumprimentarem um por um. Isso é uma constante em todos os times que pude acompanhar no vestiário.

Quanto ao preparo, no dia do jogo é feita uma refeição leve, rica em carboidrato. No vestiário, eles têm café e frutas à disposição, além de líquidos e isotônicos em abundância. Alguns atletas são forçados ao consumo de líquidos, pois ainda existe o conceito errado, entre alguns atletas, de que tomar líquidos deixaria o atleta mais pesado, comprometendo o rendimento.

Quanto ao Neymar, por tudo que chegou ao meu conhecimento, ele teve um entorse grau dois. Mesmo com toda fisioterapia, pode levar até três semanas para que ele se recupere 100%, o que não o impede de ir para o sacrifício (que é o que acredito que irá acontecer)  e voltar a jogar antes desse tempo com algum tipo de proteção, mesmo antes de estar plenamente recuperado.

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